Brasil: Um país simplesmente hardcore

Imagine um onde você pode ser processado por fazer uma piada claramente inofensiva. Um país que gosta de criticar, mas nunca de ser criticado. Um país onde um esporte é motivo para destruição sem sentido. Agora imagine-o ao som de Sabotage, do Beastie Boys. Pois é, esse caos todo lembra muito o Iraque, Irã ou qualquer país árabe (ah, esqueci de acrescentar um leve preconceito xenofobico enrustido), mas não. É no Brasil, onde a situação está deplorável.





Em Curitiba, a insanidade usa o uniforme de um dos três times 'grandes' da cidade. Em dias de jogo a quebradeira e a violência começam antes e continuam depois. Me pergunto o todo o prejuízo compensa. Torcedores fanáticos (não confundir com a famosa torcida do Atlético, mas também não isenta-la) fazem arrastão, destroem diversos locais e agridem, verbal ou fisicamente, qualquer pessoa que possa, eu disse POSSA, ser torcedor de um dos rivais. E eu nem moro em Curitiba, mas toda vez que passo por lá vejo isso.

Mas não é só a capital paranaense que sofre com a insanidade das torcidas. Vide o caso Vagner Love. Ele é mala sim, pipoqueiro de mão cheia e talvez não mereça o salário que recebe. Mas agredi-lo pelo mal exercício da profissão não é coisa de gente normal. E ainda nos assustamos quando vemos jogadores sendo ameaçados por Shakes em times do Oriente Médio.

Talvez o problema do brasileiro seja essa paixão religiosa que nutre pelos seus times e, as vezes, pelo país. O cara torce pelo time e por ele deve fazer tudo, tudo mesmo, senão não é torcedor. Quem ama o clube de verdade deve lutar por ele, defende-lo com unhas e dentes. Isso no papel é lindo, mas na prática gera isso que vemos no vídeo acima. Pessoas que colocam seus clubes à frente de suas vidas e, quando o primeiro desaba, a segunda não faz mais sentido. Então, liga-se o "foda-se".

Robin Williams fez uma piada que qualquer um de nós faria. Desde os mais patriotas até os que odeiam essa nação. Mas ele é estrangeiro. Então merece pagar por se utilizar de fatos consumados (turismo sexual e trafico de drogas no Brasil) para fazer uma piada (só faltou utilizar a tag #piada ou #standupbr na frente). Como disse o Cardoso, nós não temos senso de humor nenhum. Humoristas daqui são vigiados de perto e enquadrados à qualquer deslize. E ai do jornalista que ousar falar de sua santidade o presidente ou ainda da gostosura imensa das mulheres de Ipanema.

Mas percebeu que todas essas reações e manifestações de paixão, ódio e loucura são por motivos absolutamente futeis. E quando existe uma reação raivosa movida por política ela sempre tem algo muito maior por trás, que envolve manipulação das massas. Não trata-se de uma revolta, trata-se de um golpe.

Ou seja, não admitimos liberdade de expressão, não valorizamos política e temos nosso cotidiano controlado pelo futebol, a paixão nacional.

Não está fácil viver no Brasil.

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