Pular para o conteúdo principal

A última briga


As Aventuras do Pequeno Jonathan Estrela


garras





As brigas sempre foram como um combustível para mim. Não sei exatamente porque, mas sempre me enfurecia e argumentava com os punhos como se fosse um pugilista sociólogo profissional. Aliás, punhos, pés, joelhos, cotovelos e até os dentes. Na porrada eu tinha limites, entende!? E ainda ostentava a fama de brigar bem e de nunca ter apanhado. Mas eu não procurava confusão, só não fugia dela.



Aquele dia não foi diferente, mas foi. Por algum motivo, como todos os motivos anteriores, a confusão novamente veio até mim. O adversário inventou um motivo e marcou a briga para depois da aula, como de praxe. Nunca havia enfrentado ele antes, mas não tinha nada a temer, afinal ele era muito menor que eu. Não tinha, mas temia. Não sei o por uê, mas mas temia. Pela primeira vez eu não sentia vontade de brigar, não sentia raiva e nem via motivo para aquilo. Era… era… irracional!


O sinal bateu e nos dirigimos para o local da briga, a Esplanada. Sim, a Esplanada nada mais era do que uma esplanada, conhecida na cidade toda. O local mais aberto da cidade, lembrava um pouco uma daquelas arenas onde gladiadores… se degladiavam. Fui acompanhado por um amigo, que diante da minha expressão durante o caminho, perguntou-me: "Está com medo?"


A pergunta ecoou na minha cabeça. "Está com medo?". Eu suava frio. Sem pensar muito, respondi apenas com um sorriso amarelo, como se dissesse "Óbvio que não!", e ao mesmo tempo afirmava que sim.


brigaDa escola até a Esplanada, três quadras de distância e um infinito temporal, que demorou tanto quanto foi rápido demais… Frente a frente com meu inimigo (que no futuro jogaria na minha equipe de vôlei e na de futebol e que me apresentaria a primeira menina com quem fiquei) tentei fazer com que meu ódio peculiar aflorasse. Em vão. Mesmo assim, de modo quase teatral, parti pra cima dele, na esperança de que tudo acabasse rápido.


Poft! Pow! Soc! Pluft! Fio da p#$@! Poc! Pow! Pow! e…


- Eiiii, parem com isso, garotos! - esbravejou um bêbado andarilho que parecia ter brotado da terra, impedindo que eu levasse uma surra - olha, piazada, brigar não faz bem pra ninguém. Quem bate, troca o respeito pelo medo. Quem bate, esquece, mas quem apanha nunca esquece. NUNCA!


"Nunca!". Aquilo veio aos meus ouvidos como uma bomba. Tentei me lembrar de todas as brigas que tive, não pude. Eu nunca tinha perdido uma. Eu já havia esquecido. Então senti o gosto amargo da derrota e pensei em quantos eu tinha feito sentir o mesmo por tão pouco…


A briga havia acabado. Meu oponente e seu amigo (meu vizinho, jogava futebol comigo quase todo dia, mas estava de mal por que eu tinha batido nele na semana anterior) saíram sorrindo de mim. Eu não sentia dor física alguma, mas chorava. Chorava como a criança que era e não sabia.


bebado filosofo


E essa foi minha última briga (ao menos por uma causa fútil). Foi o dia em que aprendi duas máximas da vida que carrego até hoje: que, às vezes, uma derrota é mais importante


do que várias vitórias e que andarilhos bêbados sempre, surgem do nada. SEMPRE!


baseado em fatos muito reais.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cala a boca, Danilo Gentili!

Estou aqui de boa, curtindo minha fossa de sábado a noite, twittando com uma galera gente fina e tal. Quando vejo uma piada de Danilo Gentili. Agora no TeleCine KingKong, um macaco q depois q vai p/ cidade e fica famoso pega 1 loira. Quem ele acha q e? Jogador de futebol? # Ignorei. É, eu vi que ele chamou o negro de macaco, mas e daí? Isso não me parece muito racista como dizem por aí. Nunca liguei para tal comparação, a menos que venha como tom de ofensa. Aí a briga é pela ofensa. Mas continuei minha vida até que veio a questão de Gentili. Alguem pode me dar 1 explicacao razoavel pq posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa mas nunca um negro de macaco? # Achei no mínimo bizarro. Quem disse que você pode chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa? Isso não é preconceito, mas é ofensivo, degradante, não é engraçado. E digo isso porque sou fã de standup comedy e não acho engraçado quando o humorista tem que apelar para essas ofensas toscas. Não é

Buddy Poke 3D de graça!

Você já deve saber que agora o BuddyPoke tem um esquema diferente, de juntar moedas de ouro para adquirir novas funções. Entre elas, a mais cara e cobiçada é a versão do seu Poke para impressão, que colada se transformará em um pequenho e bonitinho BuddyPoke 3D, perfeito para decorar a sua mesa de computador , por exemplo. Mas essa brincadeira custa 180 moedas de ouro e, sendo que você começa com 20 e pode pedir uma moeda de ouro por dia, levaria meses para conseguir comprar essa opção. Mas tem uma maneira muito mais fácil, ensinada passo a passo nesses dois vídeos. Confira como conseguir seu BuddyPoke 3D de graça, facil, facil. Link para o Vídeo 1 Link para o vídeo 2 Muito boa a dica, não? Acho que eu também vou fazer meu bonequinho. Se ficar legal, mostro para a galera aqui. =)

Ateísmo: a nova escolha dos idiotas

Por muitos anos, eu diria até o fim dos anos 90, as religiões eram soberanas, sobretudo a Católica. Se não ser católico já era motivo para preconceito, imagine então declarar-se sem religião. Logo se formava uma rodinha de velhas corocas, e Ave Marias eram rezadas para exorcizar sua pobre alma. Sai, demonio, esse corpo não é ateu! Mas a era da informação trouxe um panorama diferente. Pessoas sem crença declarada passaram a perceber que não estavam sozinhas no mundo, e mais, eram muitos e muitos. Logo, ser ateu deixou de ser um ato de rebeldia, uma maldição, uma influência demoníaca e passou a ser uma escolha consciente, sadia e respeitável. Bem, na verdade não é bem assim. Pesquisas mostram que ateus são odiados pelo brasileiro . Ao ver isso, estranhei: o que os ateus fizeram de ruim? Mas com o passar do tempo cheguei a conclusão derradeira: EU TAMBÉM DETESTO ATEUS . Sim, detesto ateus tanto quanto crentes (aqui incluo toda religião que exija algum tipo de pregação da